Construir

Passo um, construir para destruir; passo dois, reconstruir para conhecer; passo três, reconhecer os passos principais do processo do autoconhecimento. Trilha sonora: Joji – Slow Dancing. Não fugir de si para conhecer a si e a outrem. Quiçá receber indicações de como se conhecer.

O sol passa pelos olhos, retribui com luz. A iluminação incide nos objetos, os olhos captam a imagem, o cérebro processa e as inverte para que seja possível visualizar e enxergar de forma propícia para andar. Veja bem, parar para pensar é um modo de criar dentro de si um pequeno utensílio. Produzir com esse objeto um pequeno vislumbre de se conhecer, de forma que seja possível tocar o conhecimento.

Dançar no escuro é nada menos do que dançar e sentir o espaço ao seu redor conforme seu tato. “Dançar”, no infinitivo, significa “mover-se ritmadamente ao som de uma música” ou, em linguagem coloquial pode se definir como “dar-se mal, ter desvantagem em algo ou ser vítima de uma situação ruim”. Portanto, o toque pode ser interpretado como algo relativo ao sentir do espaço, podendo ser prejudicial ou uma grande vantagem.

Afinal, o que seria da dança sem a sorte ou o azar? Explodiria cada neurônio cada movimento bem executado dentro de uma sala escura. As sinapses seriam suficientes para o corpo se mexer com consciência e desviar do que deve e encostar no que é necessário. Se conhecer é como dançar, você erra os passos nas primeiras vezes e, paulatinamente, passa a acertá-los. E, ainda que se conheça por completo, para progredir, seria necessário aprender novos passos, novas músicas para dançar.

Conforme o tempo passa, o corpo se modifica, a mente também. Isto é, as ideias vão e vem, coisas acontecem e pessoas mudam. Os gostos pessoais podem se manter, mudar por completo ou apenas se expandir, e assim se dá o autoconhecimento. Entender passo a passo de si para compreender a magnitude de estar bem consigo mesmo, ainda que durante o processo esteja mal.

Repete: construir para destruir e todos os passos, assim como os passes de dança. Um pé aqui e outro lá. A tessitura do conhecimento é somente uma parte do que é verdadeiro e do que é falso. O falso pode se tornar verdade, e vice-versa. Portanto, devem ser construídos e destruídos para entender que cada caco é uma peça importante.

Hoje, mais um café para acordar e um cochilo tirado em uma rede para acalmar os ânimos da dança diária consigo mesmo. Estar em paz na mesma medida de cada colher de açúcar para receber a dose diária de energia. 

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